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13º Salário Impulsiona Economia em SP e RJ: R$ 39 Bilhões Entram, Mas Dívidas Preocupam

Publicada em: 22-11-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Impacto do 13º Salário no Varejo: Expectativas e Desafios em São Paulo e Rio de Janeiro

O final do ano se aproxima e, com ele, a injeção de recursos proporcionada pelo 13º salário aquece as expectativas do varejo em todo o país. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a situação não é diferente, mas as perspectivas variam em intensidade e são influenciadas por fatores econômicos específicos de cada região.

São Paulo: Um Impulso Robusto com Ressalvas

A capital paulista deve receber um reforço significativo com a entrada do 13º salário. O Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo (Sindilojas-SP) estima que aproximadamente R$ 30,8 bilhões sejam injetados na economia, representando um aumento de 6,3% em relação ao ano anterior. Esse valor considera apenas os trabalhadores com carteira assinada, excluindo aposentados e pensionistas.

Segundo Aldo Nuñez Macri, presidente do Sindilojas-SP, o 13º desempenha um papel duplo: ajuda a equilibrar as finanças das famílias e impulsiona o comércio em um período crucial. “O 13º permite ao trabalhador organizar as contas, quitar dívidas e ainda impulsionar o comércio”, afirma Macri.

Desafios à Vista: Endividamento e Custos

Apesar do otimismo, o alto endividamento das famílias paulistanas pode limitar o impacto do 13º. A Fecomercio-SP aponta que 72,7% das famílias estavam endividadas em setembro de 2025, o maior nível desde junho de 2023. Além disso, o varejo enfrenta custos elevados no fim de ano, como horários estendidos e o próprio pagamento do 13º aos colaboradores. Macri ressalta a importância de cautela na interpretação dos números, lembrando que o consumo é freado por juros altos e preços pressionados, que impedem uma recuperação mais acelerada do setor.

Rio de Janeiro: Esperança em Meio a um Cenário Desafiador

No Rio de Janeiro, a expectativa é impulsionada por um contexto econômico mais fragilizado. Um estudo do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio) estima que a segunda parcela do 13º injete mais de R$ 8,5 bilhões na economia fluminense. A expectativa é que as vendas de dezembro cresçam cerca de 5%, impulsionadas pelo Natal.

Para Aldo Gonçalves, presidente das duas entidades, a chegada da renda extra pode atenuar um ano difícil para o varejo carioca, que apresentou queda de 2,1% nas vendas nos nove primeiros meses de 2025, enquanto o Brasil registrou alta de 1,5%. Gonçalves destaca que o endividamento atinge 88,7% das famílias, consequência direta dos juros elevados. A situação preocupa especialmente os segmentos que dependem de crédito.

Oportunidade e Cautela

Apesar dos desafios, a chegada do 13º cria uma janela de oportunidade para o comércio carioca. “O consumidor está com o décimo terceiro no bolso, e o varejo precisa oferecer produtos atrativos para capturar esse momento”, diz Gonçalves. No entanto, a maior parte dos recursos também deve ser destinada ao pagamento de dívidas, impulsionando compras pontuais, com cautela por parte dos consumidores.

Conclusão

Tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro, o 13º salário representa um alento para o varejo no final do ano. No entanto, o sucesso em converter essa injeção de recursos em vendas dependerá da capacidade dos lojistas de oferecer produtos atrativos e condições de pagamento favoráveis, aliada à necessidade de os consumidores equilibrarem suas finanças em um cenário de endividamento e juros altos.