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Bolívia à Direita: Impacto nas Relações com o Brasil e o Futuro da Cooperação

Publicada em: 19-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Bolívia: Segundo Turno Define Rumo das Relações com Brasil e EUA

O segundo turno das eleições na Bolívia, agendado para este domingo, promete remodelar as relações do país andino com o Brasil e os Estados Unidos, após duas décadas de governos com tendências socialistas. A cientista política boliviana Moira Zuazo, em entrevista ao portal G1, destaca que, apesar de algumas pautas em comum entre os candidatos, há propostas divergentes, especialmente no que diz respeito às relações internacionais.

Os Candidatos e suas Visões

Rodrigo Paz e Jorge Tuto Quiroga, que se destacam como favoritos na disputa, capitalizaram a implosão das forças de esquerda no país. Ambos prometem mudanças pró-mercado na economia, mas com abordagens distintas. Em termos geopolíticos, suas visões podem influenciar a nova direita na América Latina.

Relações com o Brasil

Rodrigo Paz, apesar de discordar do governo brasileiro atual, enfatizou durante a campanha que o Brasil é o principal parceiro estratégico da Bolívia. Ele defende o fortalecimento da parceria, mantendo a participação no Mercosul e no Brics, além de promover a cooperação econômica e projetos de infraestrutura conjuntos.

Jorge Tuto Quiroga, por outro lado, demonstra uma postura mais cautelosa. Ele se posiciona contra a integração da Bolívia no Mercosul, preferindo relações bilaterais independentes e seletivas. Quiroga defende a redefinição da cooperação com o Brasil, buscando evitar vínculos institucionais que possam limitar a soberania boliviana. Ele também sugeriu uma “cooperação tradicional” entre os dois países.

Apesar das divergências, o pragmatismo pode prevalecer, como demonstrado em 2019, quando o ex-presidente Evo Morales esteve presente na posse de Jair Bolsonaro.

Relações com os Estados Unidos

Os contatos com os EUA esfriaram durante os 20 anos de governo do Movimento Ao Socialismo (MAS), que se alinhou com a China, Irã e Rússia, mas nunca se romperam completamente.

Rodrigo Paz propõe uma “aproximação pragmática” com os EUA, descartando alinhamentos ideológicos na diplomacia internacional. Ele acredita que “ideologias não colocam comida na mesa”.

Jorge Tuto Quiroga promete “descongelar” as relações com os EUA, demonstrando admiração por Donald Trump e se apresentando como um “liberal pró-EUA”. Ele elogiou as mediações de Trump em conflitos internacionais e busca uma “relação forte e pragmática” com os EUA, visando apoio econômico e político para enfrentar a crise no país.

Conclusão

O resultado do segundo turno na Bolívia terá um impacto significativo nas relações externas do país. As diferenças nas abordagens de Paz e Quiroga em relação ao Brasil e aos EUA indicam uma reconfiguração da política externa boliviana, que poderá se afastar das tendências socialistas das últimas duas décadas.