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Metanol na Bebida: Riscos, Usos e Como Evitar a Contaminação
Intoxicação por Metanol: Um Alerta Sobre Bebidas Adulteradas
O estado de São Paulo, até a última quarta-feira (1º), enfrenta um grave problema de saúde pública: casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Com registros de óbitos confirmados e casos suspeitos em investigação, é crucial entender os perigos dessa substância e como se proteger.
O que é Metanol?
O metanol (CH₃OH) é um álcool com estrutura química semelhante ao etanol (CH₃CH₂OH), o álcool presente nas bebidas alcoólicas. No entanto, o metanol é extremamente tóxico para o consumo humano. Raphael Garcia, professor da Unifesp, explica que o metanol é usado em aplicações industriais e laboratoriais, como solvente e matéria-prima, mas sua ingestão pode causar intoxicações graves e fatais.
Como o Metanol Afeta o Corpo Humano?
O metanol é metabolizado em formaldeído e, em seguida, em ácido fórmico, substâncias altamente nocivas. O sistema nervoso central é o primeiro a ser afetado, causando sintomas como:
- Dor de cabeça
- Tontura
- Sonolência
- Confusão mental
Os tecidos mais gravemente afetados são o nervo óptico e a retina, levando à perda de visão. O acúmulo de ácido fórmico no sangue provoca acidose metabólica, comprometendo órgãos vitais e podendo levar à falência múltipla e morte.
Sintomas da Intoxicação por Metanol
Os sintomas iniciais, que podem surgir em até 6 horas após a ingestão, incluem:
- Dor abdominal intensa
- Falta de coordenação
- Náuseas e vômitos
- Taquicardia e pressão baixa
Entre 6 e 24 horas, podem ocorrer:
- Visão turva e embaçada
- Pupilas dilatadas
- Convulsões e coma
- Acidose metabólica grave
A intoxicação pode evoluir para cegueira irreversível, choque e insuficiência renal.
Diagnóstico e Tratamento
É crucial diferenciar a intoxicação por metanol da embriaguez comum. O embaçamento da visão, a confusão mental exacerbada e o prolongamento dos sintomas são indicativos de intoxicação por metanol.
O tratamento visa frear a metabolização do metanol. Em casos graves, podem ser necessárias intervenções médicas de suporte à vida, incluindo ventilação forçada, hemoperfusão e reanimação cardiopulmonar. Antídotos específicos, como o etanol, podem ser utilizados, pois competem com a mesma enzima que metaboliza o metanol, reduzindo a produção de metabólitos tóxicos.
Como o Metanol Entra nas Bebidas?
O metanol pode aparecer em bebidas de duas formas:
- Fraude e Adulteração: Substituição do etanol por metanol para reduzir custos.
- Erros na Destilação: Falha em separar corretamente as partes da bebida que contêm metanol, especialmente em destilados clandestinos.
Apenas 10 ml de metanol podem causar cegueira, e 30 ml é considerada dose mínima fatal.
Como se Proteger
O Conselho Federal da Química (CFQ) recomenda:
- Verificar a procedência das bebidas.
- Desconfiar de preços muito abaixo do mercado.
- Evitar produtos sem registro.
- Empresas realizem análises químicas periódicas para garantir a qualidade.
A Situação Global
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 21% do consumo de álcool no mundo seja proveniente de fontes ilegais. O Médico Sem Fronteiras (MSF) monitora os casos de intoxicação por metanol, que geralmente estão ligados à adição deliberada da substância em bebidas adulteradas. A taxa de mortalidade em surtos costuma ser alta, com milhares de pessoas afetadas anualmente.
Atenção: Diante dos casos de intoxicação por metanol, é fundamental estar atento à procedência das bebidas alcoólicas e buscar atendimento médico imediato em caso de suspeita de intoxicação. A informação e a prevenção são as melhores formas de combater esse grave problema de saúde pública.