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Fraude em Concursos: Família é Acusada de Cobrar R$ 500 Milhões - Detalhes do Caso
Escândalo no CNU: Organização Criminosa Fraudava Concursos Públicos com Gabaritos Antecipados e 'Dublês'
Um relatório da Polícia Federal revelou a existência de uma sofisticada organização criminosa especializada em fraudar provas de concursos públicos, incluindo o Concurso Nacional Unificado (CNU) realizado em agosto do ano passado. O esquema, liderado por um ex-policial militar da Paraíba, envolvia familiares e outros cúmplices, e causou um prejuízo significativo à integridade dos processos seletivos.
Modus Operandi da Fraude
A investigação da PF detalhou o modus operandi da quadrilha. O grupo cobrava valores exorbitantes, chegando a R$ 500 mil por prova, para fornecer o gabarito antecipado. Utilizavam-se de tecnologias como pontos eletrônicos e até mesmo 'dublês' para realizar as provas no lugar dos candidatos. A comunicação entre os membros era intensa, conforme revelam mensagens interceptadas pela PF:
- Instruções para levar rascunhos das respostas e apagar informações.
- Alertas sobre o acesso aos gabaritos com antecedência.
- Uso de celulares e estratégias para evitar a detecção.
Aprovação Fraudulenta e Captação de Clientes
O grupo utilizava a aprovação da filha do líder no concurso para Auditor Fiscal do Trabalho como uma demonstração do sucesso da fraude, atraindo novos clientes para o esquema. Além do CNU, a organização criminosa atuou em concursos para vagas em bancos públicos e polícias militares.
Liderança e Antecedentes Criminais
O ex-policial militar, expulso da corporação em 2021, era o mentor e líder da quadrilha, com histórico criminal que incluía roubo majorado, peculato, uso de documento falso e abuso de autoridade. Ele chegou a ser aprovado no concurso de Auditor Fiscal do Trabalho, mas, segundo a PF, sua participação era apenas para demonstrar a eficácia da fraude, pois não se interessou em participar do curso de formação.
Estrutura da Organização Criminosa
A organização criminosa possuía uma estrutura hierarquizada e interligada por laços familiares. Os principais membros eram:
- O líder: Responsável pela coordenação geral.
- Um irmão: Encarregado de captar clientes e lavar dinheiro.
- Outro irmão: Facilitador na passagem dos gabaritos.
- Sobrinha/Filha: Utilizada como exemplo de sucesso da fraude.
A PF constatou que três membros da família obtiveram o mesmo gabarito no CNU, o que levantou suspeitas sobre a fraude.
Obstrução da Justiça e Tentativa de Encobrimento
O líder da organização criminosa tentou obstruir as investigações, apagando dados do celular e se recusando a fornecer a senha do aparelho. No entanto, os peritos conseguiram extrair informações que comprovaram seu envolvimento e a intenção de obter lucros com a fraude.
Pagamentos e Negociações
A quadrilha aceitava pagamentos em dinheiro, ouro, motocicletas e até mesmo tratamentos odontológicos de alto valor. As negociações demonstravam a complexidade da fraude, com valores que chegavam a R$ 500 mil por candidato, incluindo custos de corrupção de vigilantes e desativação de câmeras.
Envolvimento de Terceiros e Expansão da Fraude
A organização criminosa contava com a participação de um policial militar do Rio Grande do Norte e um indivíduo com histórico de fraudes em concursos públicos desde 2017, que seria o responsável por obter as respostas dos testes.
O Ministério da Gestão informou que está cumprindo as determinações judiciais e colaborando com a Justiça e a Polícia Federal nas investigações.