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Eleições 2026: Marcos Mendes Explica Cenários, Planalto e o Poder do Centrão (Guia Completo)

Publicada em: 04-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Análise do Cenário Eleitoral de 2026: Vantagens e Desafios

Em recente participação no podcast Outliers, o pesquisador associado do Insper, Marcos Mendes, analisou o cenário eleitoral que se desenha para 2026 no Brasil. A avaliação, com base nas pesquisas eleitorais atuais, aponta para uma posição vantajosa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo diante do desgaste político acumulado.

Vantagens de Lula e o Controle da Máquina Pública

Mendes destaca que a força de Lula reside no controle da máquina pública, na ampliação de subsídios e programas sociais que reforçam sua popularidade. "Lula é muito forte, tem a máquina na mão e, mesmo com desgaste, permanece em vantagem", afirmou o pesquisador.

No entanto, caso seja reeleito, Lula enfrentará os efeitos de suas próprias escolhas econômicas, como baixo crescimento, inflação em alta e desequilíbrios externos.

O Dilema do Ajuste Fiscal e a Oposição

A análise de Mendes aponta para uma possível ruptura do ciclo de alternância entre governos populistas e administrações de ajuste fiscal. Se Lula vencer, terá que lidar com a pressão das contas públicas e da inflação. Caso contrário, a oposição também encontrará dificuldades, dependendo do Centrão e suas demandas.

Para o pesquisador, será necessário um arranjo político que limite as demandas individuais dos deputados e ofereça cargos em troca de apoio, para que o Executivo recupere o controle da pauta no Congresso.

Aceleração dos Gastos Públicos e Riscos Fiscais

Durante a entrevista, Mendes ressaltou que o governo Lula vem acelerando a máquina pública para consolidar apoio eleitoral, citando o aumento do Minha Casa Minha Vida, o programa de gás subsidiado e medidas habitacionais. Ele alertou que essa estratégia, embora garanta popularidade a curto prazo, amplia os riscos fiscais e pressiona o Banco Central a manter juros elevados.

Comparativo com a Argentina: Choque Liberal vs. Postergação

Mendes comparou a situação brasileira com o processo vivido pela Argentina sob Javier Milei. Enquanto o país vizinho enfrenta um ajuste fiscal duro, o Brasil posterga medidas estruturais, acumulando desequilíbrios. Ele ressaltou que, assim como no período Dilma-Temer, ajustes só costumam ser aceitos em cenários de crise profunda.

Apesar da situação argentina, Mendes alerta que o governo Milei corre risco de perder sustentação política caso escândalos de corrupção avancem, minando a legitimidade do ajuste fiscal.

Desafios e Soluções Complexas

Mendes enfatiza que os desafios exigem diagnósticos claros e coragem política. "Problemas complexos pedem soluções complexas. Enquanto a sociedade brasileira não aceitar sacrifícios no presente em troca de benefícios para a próxima geração, ficaremos presos ao curto prazo", conclui.