A China voltou a defender a ideia de que os países ricos devem ser os principais financiadores das políticas globais de combate às mudanças climáticas, utilizando esse argumento para adiar um possível aporte no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), principal iniciativa brasileira apresentada na COP30, em Belém (PA).

A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo, com base em fontes do governo federal. Representantes chineses invocaram o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, que guia as negociações climáticas desde a Rio-92. Esse princípio estabelece que as nações industrializadas, que historicamente se beneficiaram do uso de combustíveis fósseis, devem liderar a redução das emissões e financiar a transição ecológica.

Posicionamento Chinês na COP30

Durante a conferência, o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, reforçou essa postura em seu discurso, enfatizando a necessidade de que os compromissos internacionais se traduzam em ações concretas. Ele afirmou que “os países desenvolvidos devem assumir a liderança no cumprimento das obrigações de redução de emissões, honrar seus compromissos financeiros e fornecer mais apoio tecnológico e de capacitação aos países em desenvolvimento.”

Apoio Político, mas Sem Compromisso Financeiro Imediato

Embora não tenha se comprometido financeiramente com o TFFF até o momento, Pequim expressou apoio político à iniciativa brasileira, que é vista pelo Itamaraty como um dos principais legados diplomáticos da COP30.

Sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF)

O TFFF já conta com cerca de US$ 5,5 bilhões anunciados por países como Brasil, Noruega, Indonésia e França. O objetivo é alcançar US$ 125 bilhões através da combinação de recursos públicos, filantrópicos e investimentos privados. O mecanismo visa remunerar investidores e destinar parte dos lucros para países que preservam florestas tropicais, pagando US$ 4 por hectare conservado.

Antecedentes e Perspectivas Futuras

A resistência chinesa em relação ao financiamento climático não é um fato isolado. O país também não participa do Fundo Verde para o Clima (GCF), criado pela ONU para apoiar nações em desenvolvimento em suas metas ambientais.

Apesar disso, membros do governo Lula (PT) mantém otimismo em relação a um futuro aporte de Pequim, considerado estratégico para o equilíbrio político e financeiro do novo fundo.