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Carros Elétricos no Condomínio: Guia Completo para Síndicos e Condôminos (Custos e Conflitos)

Publicada em: 13-11-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Carregadores de Carros Elétricos em Condomínios: Guia Completo para Síndicos e Moradores

A crescente popularidade dos carros elétricos trouxe uma nova questão para a convivência em condomínios: como instalar e usar carregadores de forma segura e sem conflitos. Este guia detalhado aborda as principais dúvidas sobre autorização, custos, responsabilidades e as melhores práticas para garantir uma transição tranquila para a mobilidade elétrica.

O que diz a Lei?

Atualmente, não existe uma lei federal específica para a instalação de carregadores em condomínios. No entanto, o Código Civil (art. 1.336, IV) oferece diretrizes importantes:

  • Direito à Instalação: Moradores têm o direito de instalar carregadores em suas vagas, desde que sigam as normas de segurança e obtenham as autorizações necessárias.
  • Autorização do Condomínio: Qualquer modificação em áreas comuns que envolva obras ou alterações na rede elétrica precisa da aprovação do condomínio.
  • Vagas Privativas: A instalação em vagas privativas pode ser solicitada pelo condômino, desde que não cause prejuízo à coletividade.

Leis Municipais e Estaduais:

  • São Paulo: A cidade possui uma lei municipal (2020) que obriga novos prédios a prever soluções para carregamento de veículos elétricos. Além disso, a Lei estadual 17573/2022 autoriza a instalação sem necessidade de assembleia, desde que as exigências de segurança sejam cumpridas.
  • Projeto de Lei Federal: O Projeto de Lei 158/2025 está em tramitação no Congresso e visa garantir aos moradores a infraestrutura de recarga.

Normas Técnicas e Segurança

A segurança é primordial na instalação de carregadores. É crucial seguir as normas da ABNT (NBR 5410 e NBR 17019), que estabelecem os padrões mínimos de segurança e dimensionamento da rede elétrica. Além disso, é obrigatório seguir as regras do Conselho Nacional de Comandantes Gerais dos Corpos de Bombeiros (CNCGBM), que padroniza a instalação desses equipamentos.

  • Estudo Elétrico: O síndico pode solicitar um estudo elétrico para verificar a capacidade da rede.
  • Engenheiro Habilitado: A obra deve ser acompanhada por um engenheiro habilitado, com emissão de laudo e ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).
  • Equipamentos Certificados: É fundamental utilizar equipamentos certificados e adequados.

Quem Paga a Conta? Custos e Rateio da Energia

A questão do custo da energia é um dos principais pontos de conflito. A regra básica é: quem usa, paga. Existem três formas de organizar esse custo:

  • Medição Individual: A instalação de um medidor exclusivo para o carregador é a forma mais justa, pois permite que o morador pague exatamente o que consome.
  • Cálculo Estimado: Quando não há medidor, o consumo pode ser estimado pela potência e tempo de uso, com cobrança direta ao condômino.
  • Estações Compartilhadas: Se o condomínio optar por instalar pontos de recarga em áreas comuns, o rateio deve ser aprovado em assembleia, podendo seguir critérios como taxa fixa, tempo de uso ou agendamento.

O condomínio não é obrigado a custear o carregador individual. Se a iniciativa for do morador, ele deve arcar com as despesas. Se o condomínio decidir implantar a infraestrutura comum, o custo precisa ser aprovado pelos condôminos.

Direitos e Deveres: Morador x Condomínio

A instalação de carregadores exige um equilíbrio entre os direitos individuais e a segurança coletiva:

  • Morador: Tem o direito de solicitar a instalação do carregador em sua vaga, mas deve seguir os procedimentos técnicos e respeitar as normas internas do condomínio.
  • Condomínio: Deve preservar a segurança da edificação, verificar a capacidade da rede, autorizar projetos compatíveis e comunicar qualquer alteração à seguradora. O condomínio não pode proibir a instalação sem justificativa técnica.

Seguros, Penalidades e Boas Práticas

A instalação de carregadores envolve questões de segurança e responsabilidade civil:

  • Seguro: Qualquer alteração elétrica deve ser informada à seguradora. A instalação precisa constar na apólice, pois altera o risco de incêndio.
  • Penalidades: Instalar carregadores sem autorização ou fora das normas técnicas pode gerar consequências sérias. O morador responde por danos causados ao condomínio ou a terceiros, e o regimento interno pode prever multas.
  • Boas Práticas: O diálogo e a transparência entre síndico e moradores são essenciais. O condomínio deve estabelecer um procedimento claro para pedidos de instalação e verificação técnica.

Resumo dos Cuidados Importantes

  • Regras e Autorização: Siga a convenção do condomínio e as normas da ABNT.
  • Segurança Elétrica: Exija projeto técnico, engenheiro com ART e equipamentos certificados.
  • Custo da Energia: O consumo é individual. Cada morador paga o que usa, por medição própria ou cálculo aprovado em assembleia.
  • Seguro e Multas: Informe a seguradora sobre as alterações elétricas. Descumprir as normas pode gerar multas e perda de cobertura.
  • Boa Convivência: Promova o diálogo e a transparência entre síndico e moradores.

Com planejamento, informação e diálogo, a instalação de carregadores de carros elétricos em condomínios pode ser realizada de forma segura e benéfica para todos.