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Japão: Sanae Takaichi Assume Cargo de Premiê em Movimento Conservador
Sanae Takaichi: A Nova Primeira-Ministra do Japão e a Virada à Direita
Tóquio (Reuters) - Em um marco histórico, Sanae Takaichi, uma conservadora de linha dura, foi eleita a primeira mulher primeira-ministra do Japão na terça-feira. A vitória de Takaichi não apenas quebra o teto de vidro na política japonesa, mas também sinaliza uma possível virada decisiva para a direita no país.
Uma Aliada de Shinzo Abe com Visão Thatcherista
Aliada do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe e admiradora da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, Takaichi traz consigo uma proposta que remete ao estímulo governamental de Abe, visando impulsionar uma economia que enfrenta desafios de crescimento lento e preços em alta.
Embora sua eleição represente um momento crucial para um país ainda dominado pela influência masculina, a composição de seu gabinete levanta algumas questões. Apesar das promessas, Takaichi nomeou apenas duas mulheres para o seu governo, um número consideravelmente menor do que o anunciado.
Imigração, Defesa e a Onda Conservadora
É esperado que Takaichi lidere o país em uma direção mais conservadora em áreas como imigração e defesa, alinhando-se com a tendência global de ascensão da direita. Sua vitória foi assegurada com 237 votos na câmara baixa do Parlamento (com 465 assentos) e, posteriormente, em uma votação semelhante na câmara alta, menos influente. A consolidação veio após um acordo de coalizão entre seu Partido Liberal Democrata (LDP), que governou o Japão por grande parte do período pós-guerra, e o Partido da Inovação do Japão (Ishin), de direita.
Desafios e Fragmentação Política
A coalizão formada pelos partidos possui duas cadeiras a menos que a maioria na câmara baixa. Tadashi Mori, professor de política na Universidade Aichi Gakuin, ressalta que o sucesso de Takaichi dependerá da cooperação de outros parlamentares. A fragmentação política no Japão é evidente, em parte, devido ao crescimento do Partido Sanseito, de extrema-direita, que tem atraído eleitores do LDP.
Segundo o líder do Sanseito, Sohei Komiya, a expectativa é que Takaichi posicione a política nacional de volta ao centro, embora o partido esteja preparado para se opor a ela, se necessário. O Komeito, antigo aliado do LDP, rompeu a aliança após a escolha de Takaichi.
Gabinete e a Questão da Igualdade de Gênero
Em seu gabinete, Takaichi nomeou Satsuki Katayama, discípula de Abe, como ministra das Finanças, e Kimi Onoda como ministra da Segurança Econômica. Durante a campanha, ela prometeu aumentar a representação feminina no gabinete, com o objetivo de se aproximar dos países nórdicos. No entanto, com apenas duas mulheres ministras, o gabinete japonês terá 16% de representação feminina, incluindo a própria Takaichi.
Yoko Otsuka, professora da Universidade Ritsumeikan, comenta que, apesar da eleição de uma primeira-ministra, a realidade em relação à igualdade de gênero no Japão permanece praticamente inalterada.