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Inadimplência em Financiamento de Carros nos EUA: Atrasos Disparam e Preocupam o Mercado
Inadimplência de Financiamentos de Veículos nos EUA Acende Alerta sobre a Saúde Financeira das Famílias
Um sinal preocupante emerge nos Estados Unidos: um número crescente de americanos está enfrentando dificuldades para honrar os pagamentos de seus financiamentos de veículos. Essa tendência, que afeta principalmente famílias de baixa e média renda, levanta preocupações sobre o aperto financeiro que começa a se intensificar na base do consumo americano.
Aumento da Inadimplência e Seus Impactos
De acordo com a Fitch Ratings, conforme apurado pelo The New York Times, os atrasos em financiamentos de alto risco (subprime) com mais de 60 dias atingiram 6,5% em janeiro e permanecem em níveis elevados. Essa inadimplência crescente tem consequências diretas, incluindo:
- Aumento das retomadas de veículos pelas financeiras.
- Alertas de instituições financeiras como CarMax e Ally Financial sobre o desempenho fraco de suas carteiras de crédito automotivo.
Pressão Crescente no Orçamento Familiar
Apesar da aparente robustez da economia americana, com a bolsa em alta e o desemprego em níveis baixos, o aumento dos atrasos em pagamentos de veículos revela uma deterioração silenciosa na renda disponível dos consumidores. Jonathan Smoke, economista-chefe da Cox Automotive, destaca que “é evidente que parte dos consumidores está sob estresse”.
A situação se agrava mesmo entre os consumidores com bom histórico de crédito. A inadimplência subiu, com cerca de 2% dos financiamentos apresentando parcelas muito atrasadas, um aumento em relação aos 1,8% registrados um ano antes, conforme dados da mesma consultoria.
O Federal Reserve de Nova York também confirma a tendência, observando o aumento das taxas de atraso em todas as faixas de renda e crédito. A combinação de juros elevados, inflação persistente e a desvalorização dos carros usados está sobrecarregando as famílias.
Fim dos Estímulos e o Novo Cenário Econômico
Durante a pandemia, programas de auxílio e cheques emergenciais impulsionaram a poupança e melhoraram o crédito das famílias. A queda das taxas de juros incentivou os bancos a ampliar os prazos e reduzir as exigências, impulsionando as vendas de veículos.
No entanto, a partir de 2021, o cenário mudou drasticamente: os preços subiram, as economias se esgotaram e os salários perderam ritmo, especialmente entre os trabalhadores de baixa renda. A retomada dos pagamentos das dívidas estudantis em 2023 também contribuiu para reduzir a folga orçamentária, levando parte dos consumidores ao limite.
Impacto Limitado, mas Sinal de Alerta
Apesar da deterioração, analistas não preveem um risco de contágio sistêmico. Os empréstimos automotivos representam menos de 10% da dívida total das famílias, e os créditos subprime são apenas uma fração desse total, de acordo com o Fed.
Além disso, as novas concessões de crédito demonstram um desempenho melhor, resultado da adoção de critérios de crédito mais rigorosos desde 2023.
Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, resume a situação: “O problema ainda é contido, mas revela o início de uma pressão financeira mais ampla sobre as famílias americanas”.