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Etanol e EUA: Tarcísio Afirma que Brasil Não Negociará o Combustível
Tarcísio de Freitas Afirma que Etanol Não Deve Ser Moeda de Troca em Negociações com os EUA
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), posicionou-se firmemente contra a inclusão do etanol nas negociações comerciais com os Estados Unidos. A declaração, feita na 25ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo, reflete a preocupação do governo paulista e do setor sucroenergético em proteger o mercado nacional.
Posicionamento Estratégico em Defesa do Etanol Brasileiro
Tarcísio de Freitas destacou a importância de preservar o etanol como uma "reserva estratégica do Brasil". Ele ressaltou a necessidade de prestigiar os investimentos em tecnologia e a importância do setor sucroenergético para a economia do país. A fala do governador demonstra uma clara intenção de defender os interesses do setor, que teme a abertura comercial com os EUA em relação ao etanol.
“Vamos fornecer o etanol que vai mover as embarcações. Isso significa que há uma demanda extraordinária e não precisamos fazer concessões daquilo que é reserva estratégica do Brasil”, disse Tarcísio.
Contexto da Disputa Comercial
A declaração de Tarcísio surge em meio a rumores sobre a possível redução da tarifa de importação de etanol dos EUA pelo governo brasileiro, como parte de negociações para amenizar as tarifas impostas pelo governo Trump sobre produtos brasileiros. No entanto, o setor sucroenergético e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) negam qualquer tratativa nesse sentido.
A Unica enfatizou a importância da previsibilidade regulatória, reciprocidade comercial e respeito às regras internacionais de comércio. A entidade defende que o etanol brasileiro é um ativo estratégico de soberania nacional e não deve ser usado como moeda de troca.
Diferenças no Modelo Produtivo e a Busca por Proteção
A resistência à abertura comercial está ligada às diferenças no modelo produtivo entre Brasil e EUA. O Brasil produz etanol a partir da cana-de-açúcar, enquanto os EUA utilizam o milho, com forte subsídio governamental, o que desequilibra a concorrência. A manutenção da tarifa de 18% sobre o etanol importado é vista como essencial para proteger a competitividade do produto nacional e garantir previsibilidade ao mercado de biocombustíveis, que representa cerca de 20% da matriz energética brasileira.
Guerra Tarifária e a Postura do Governo Lula
As declarações de Tarcísio inserem-se em um contexto de guerra comercial com os EUA, que impuseram tarifas sobre produtos brasileiros. O governo Lula tem buscado uma resposta coordenada com o setor privado, mantendo firmeza nas negociações diplomáticas para defender os interesses do país.