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Etanol como Moeda? EUA e Brasil Podem Usar Biocombustível em Acordos, Revela Site

Publicada em: 18-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Etanol: A Nova Batalha Comercial entre Brasil e EUA?

O etanol está prestes a reacender a disputa comercial entre Brasil e Estados Unidos. Fontes do setor sucroenergético brasileiro expressam preocupação com a possibilidade de o governo Trump utilizar a tarifa de importação sobre o etanol americano como moeda de troca em negociações bilaterais.

Contexto da Disputa

As tensões giram em torno da taxa de importação de 18% aplicada pelo Brasil ao etanol dos EUA. Essa situação contrasta com a alíquota de 2,5% que o etanol brasileiro paga para entrar no mercado americano. Essa discrepância tem sido alvo de críticas por parte de Trump, que a considera uma "injustiça tarifária".

Pressão dos Produtores Americanos

A pressão para reverter essa situação vem, principalmente, de produtores de milho nos EUA, a base do etanol americano. Com dificuldades em escoar a safra, especialmente devido à perda de mercado na China, a solução da questão tarifária se tornou uma prioridade para o setor.

O Cenário Atual

Os EUA são os maiores produtores globais de etanol de milho, com uma projeção de 427 milhões de toneladas de milho para a safra deste ano, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A diminuição das exportações para a China, em meio à guerra comercial, intensificou a necessidade de encontrar novos mercados.

Potenciais Ganhos para os EUA

A redução ou eliminação da tarifa brasileira abriria um canal de exportação imediato para o etanol americano. Com a discussão no Congresso americano sobre o aumento da mistura de etanol na gasolina (de E10 para E15 durante todo o ano), a demanda interna nos EUA aumentaria, e o excedente encontraria um destino certo no Brasil.

Apesar da tarifa atual de 18%, os EUA devem exportar 650 milhões de litros de etanol para o Brasil na safra 2025/26, um aumento de 160% em relação à safra anterior. Essa projeção é impulsionada pelo aumento da mistura obrigatória de etanol na gasolina brasileira (de 25% para 30%) e pela quebra na produção de etanol de cana.

A isenção da tarifa daria ao etanol americano uma vantagem competitiva, principalmente no Nordeste, região com déficit de oferta. O produto poderia chegar até 15% mais barato que o nacional, com logística facilitada devido à proximidade com Houston.

Preocupações do Setor Brasileiro

Empresas brasileiras do setor sucroenergético temem que a redução da tarifa coloque o etanol americano em uma posição vantajosa, especialmente devido aos subsídios concedidos ao milho nos EUA, o que poderia distorcer a competição.